SETOR ELÉTRICO POSSUI BONS EXEMPLOS PARA APRESENTAR

A sustentabilidade no setor elétrico pode ganhar força com o uso complementar das fontes de energia disponíveis, com a racionalização do consumo e a popularização de alternativas, como a eólica e a solar. Quem garante são os painelistas do seminário Sustentabilidade – Do Brasil de 2013 para o Brasil de 2050, realizado pelo Valor, em São Paulo, na terça-feira (11/06). Para Maurício Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a matriz brasileira, que combina recursos fósseis e renováveis, pode ser considerada um exemplo para o mundo.

Para se ter uma ideia, o setor elétrico nacional contribui com 0,3% do total da emissão de gases de efeito estufa (GEE). “Os lançamentos de GEE da China representam mais de 100 vezes o volume do Brasil”, lembra. “Oitenta e quatro por cento da geração de energia em território brasileiro vêm de fontes renováveis, com 77% de participação da força hidráulica.”

O especialista credita o peso verde-amarelo no setor à oferta generosa de recursos naturais. O Brasil é o terceiro país com o maior potencial hidrelétrico do mundo, com 240 GW, atrás apenas da China e Rússia. Mas, apenas um terço desse número é aproveitado. A maior parte da munição está concentrada na Amazônia, região que tem 50% da sua área ocupada por terras indígenas e unidades de preservação ambiental.

“Apenas 0,23% do bioma amazônico está reservado para hidrelétricas planejadas ou em construção”, diz. “Esse é o grande debate. Um mesmo lugar que guarda duas riquezas: biodiversidade e potencial energético. Temos de agir com sabedoria para utilizá-los.”

Tolmasquim lembra que há dois modelos de hidrelétricas em curso no Brasil. As que funcionam como um vetor de desenvolvimento regional, como Jirau, Santo Antônio e Belo Monte; e as unidades criadas em mata nativa, que não permitem a construção de grandes obras de infraestrutura. Nesse conceito, encaixam-se as usinas planejadas no rio Tapajós, conhecidas como “plataformas”. Inspiradas na exploração de petróleo em alto-mar prometem o mínimo de impacto ambiental. Durante a construção, as equipes se revezam em turnos e, na fase de funcionamento, os trabalhadores são transportados para o local. O acesso é controlado para evitar o surgimento de vilas e cidades nas redondezas.

O presidente da EPE afirma que, apesar das discussões ambientais, há melhorias para a população vizinha às grandes hidrelétricas. Em Santo Antônio, 70% da mão de obra utilizada no local é da região. Em Belo Monte, com um reservatório de 503 quilômetros quadrados e potência de 11,2 mil MW, foi construído um canal avaliado em R$ 6 bilhões para não prejudicar três comunidades indígenas – Arara da Volta, Paquiçamba e Juruna – com 225 habitantes. “A usina vai atender 60 milhões de pessoas, o que corresponde ao consumo residencial da Argentina.”

Em relação ao passivo ambiental, Tolmasquim afirma que Belo Monte vai evitar a construção de 19 termelétricas a gás natural, que produziriam 19 milhões de toneladas de equivalente de CO2 (MT CO2) ao ano, valor superior às emissões totais de todo o setor elétrico, em 2007. “Além das hidrelétricas, o Brasil conta com um potencial eólico estimado de 143,5 GW”, diz.

Segundo Philippe Joubert, senior advisor do Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (da sigla em inglês WBCSD), apesar do crescimento das alternativas renováveis, as usinas a carvão continuarão em funcionamento. Há 1,2 mil unidades planejadas ou em construção em 59 países. “A maioria estará na Ásia”, diz. “A iniciativa de usar fontes não poluentes vai depender de cada país e governo. É importante conversar sobre o tema, mas é bom agir imediatamente. Não teremos desenvolvimento sem respeitar o meio ambiente.”


Fonte -Fonte: Valor Econômico / Jacilio Saraiva

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