REDES DE MATERIAL DE CONSTRUÇÃO ADEREM À CAUSA VERDE

Depois das redes de supermercados, que iniciaram a disputa pela bandeira ambiental, chegou a vez das megalojas de materiais de construção. C&C, Dicico, Leroy Merlin investem em lojas verdes, redução de consumo de recursos naturais e eficiência energética, programas de reciclagem de resíduos e, principalmente, na venda de produtos sustentáveis. Mais atrasada nessa busca, a Telhanorte, do grupo francês Saint-Gobain, desperta agora para a novidade. Em todas as redes, a busca pela identificação com a imagem da ecoeficiência se traduz em treinamento dos funcionários para atender melhor as preocupações de sustentabilidade da clientela.

Nos últimos tempos, o setor da construção civil se empenha em incentivar as práticas de sustentabilidade nos prédios, com ênfase em soluções de economia de água e energia, além da reciclagem de materiais. A indústria acompanha o ritmo exibindo produtos que vão desde torneiras com sensores automáticos de fechamento e sensores de descarga que diminuem consideravelmente o consumo de água, até lâmpadas fluorescentes mais compactas e tintas à base de água. Além disso, revestimentos e coberturas de materiais reciclados, painéis solares, sistemas de filtragem e tratamento de estações de esgoto estão na lista de prioridades.

A demanda por produtos que atendem requisitos de sustentabilidade é estimulada pelas construtoras que investem em certificações de empreendimentos como os selos Leed e Aqua. “A tendência é de crescimento de 10% a cada ano em todas as categorias de materiais, como pisos, louças e metais, pintura, iluminação, ferragens e ferramentas”, calcula Christophe Auger, vice-presidente comercial da Dicico. “O interesse vem do próprio fabricante que investe em palestras e treinamento para os vendedores, associados e colaboradores”.

Marcelo Roffe, diretor de mercadorias e marketing de produtos da Telhanorte lembra que boa parte dos produtos considerados ecoeficientes, têm preços elevados. “Nosso papel como varejista é apresentar ofertas desses produtos para que eles sejam mais conhecidos. Quando o volume de vendas aumenta, os custos diminuem”.

Engajamento:

Com mais de 2 mil opções de produtos, que representam cerca de 5% dos itens comercializados, a C&C reforça a sua opção com ações sustentáveis. A novidade é um sistema inédito de devolução de embalagens de tintas, em parceria com a Coral e a Gerdau, que deve começar na última semana de setembro. O cliente devolve a lata com resíduos, que são encaminhados para tratamento. A lata limpa vai para reciclagem e de volta à indústria.

“Queremos ser conhecidos como uma rede que além de vender, está engajada em causas importantes para a comunidade”, diz o diretor-geral da C&C, Jorge Gonçalves Filho. “Isso significa o engajamento de parceiros, fornecedores e clientes em ações socioambientais. Essa conscientização fará com que todos valorizem nossos produtos”.

A C&C já tem campanhas de reciclagem de lâmpadas, pilhas e entrega voluntária de materiais recicláveis, esta última com a Tetra Pak, que ajudou na confecção de coletores com placas e telhas de embalagens longa vida. Além disso, a mega loja da Marginal Tietê (SP) foi projetada para ter baixo consumo de água e energia. “A cada loja que reformamos procuramos adaptar ao máximo esses conceitos”, diz Gonçalves Filho.

A questão da sustentabilidade também está presente na Leroy Merlin, pioneira em buscar a certificação Aqua, auditada pela Fundação Vanzolini, na unidade de Niterói e agora em Taguatinga (DF) e Campinas (SP). “Mais de 150 itens de sustentabilidade foram avaliados, desde a construção até as boas práticas utilizadas na operação, ações sociais nas comunidades locais e políticas de educação ambiental dos usuários e clientes da loja”, diz Pedro Sarro, diretor de obras da Leroy Merlin Brasil, que contabiliza mais de 2 mil produtos sustentáveis.

Impactos geram inovações nas construções:

Segundo o Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (WBCSD em inglês), o segmento imobiliário consome cerca de 40% dos materiais de construção, gera 30% de lixo sólido, utiliza 20% da água e 35% da energia do mundo. Calcula-se que 40% das emissões de carbono são de responsabilidade das construções. O desafio é buscar alternativas em termos de material, eficiência energética, consumo racional de água e redução de resíduos. Selos aplicados aos prédios sustentáveis, como Leed e Aqua, levam em consideração todo o ciclo de vida do empreendimento desde a sua concepção, construção, operação e descarte de resíduos após sua vida útil. “A primeira coisa que o consumidor precisa perceber é que especificar determinado produto e selecionar o fornecedor é talvez a ação de maior alcance ambiental e social que ele pode fazer”, diz Diana Csillag, diretora do Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS).”Existe uma visão bastante nova de que, do ponto de vista ambiental e social, a seleção do fornecedor é um ponto mais importante que a escolha do produto”. O Conselho estabeleceu uma ferramenta que pode ser acessada no site da entidade (www.cebds.org.br), que busca orientar na seleção de materiais e produtos. Como explica Diana, “não dá para comprar tijolo ou gesso sem saber quais são os produtores. Existem fabricantes, por exemplo, que usam mais energia que outros para produzir o mesmo material”.


Fonte -Fonte: Brasil Econômico / Martha San Juan França

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