Norueguesa Yara deve investir R$ 5 bi no país

A norueguesa Yara, uma das maiores empresas de fertilizantes do mundo, deu ontem um novo passo para a concretizar o robusto plano de investimentos que desenhou para o Brasil. A companhia confirmou o aporte de R$ 1 bilhão em seu complexo industrial em Rio Grande (RS), o que eleva para perto de R$ 5 bilhões o montante total que a múlti pretende injetar no país nos próximos anos.

“Quando olhamos para o que estamos fazendo no Brasil, isso está realmente provocando um grande impacto em toda a Yara”, disse ao Valor Svein Tore Holsether, presidente e CEO global da Yara. O executivo reforçou que a companhia é global, mas que está se tornando mais brasileira. “O Brasil se tornou o maior país em termos de vendas e também em [número de] funcionários. O que acontece aqui interessa a toda a Yara”, disse Holsether, que assumiu seus cargos no ano passado.

A companhia vai modernizar e expandir o complexo em Rio Grande, que conta com duas fábricas, uma unidade misturadora e armazéns. A capacidade anual de produção no local será ampliada de 800 mil para 1,2 milhão de toneladas de adubos, enquanto a de mistura, ensacamento e distribuição subirá de 1,4 milhão para 2,6 milhões de toneladas. O projeto levará de quatro a cinco anos para ser concluído.

Com sua estrutura de produção e distribuição em Rio Grande, onde também conta com porto próprio – modernizado recentemente -, a Yara se vê competitiva para fornecer não apenas ao Rio Grande do Sul, mas também a Santa Catarina, à região oeste do Paraná, ao Mato Grosso do Sul e ao Paraguai. “Isso [a nova obra] deve nos dar conforto para atender à demanda dessas regiões nos próximos 15 anos. Será a maior e mais moderna unidade de fertilizantes em toda a América Latina”, afirmou Lair Hanzen, presidente da Yara no Brasil e vice-presidente sênior global da companhia. Além das duas fábricas em Rio Grande, a companhia possui uma planta industrial em Ponta Grossa (PR) e 25 unidades de mistura, ensaque e distribuição.

A múlti encerrou 2015 com receita de 108 bilhões de coroas norueguesas (US$ 13,2 bilhões), dos quais 24% vindos do Brasil. Com operações no país desde a década de 1970, a empresa ganhou corpo com as aquisições da Adubos Trevo e da Fertibrás, nos anos 2000. Mas foi em 2013, com a compra dos negócios de fertilizantes da americana Bunge, que a Yara conseguiu abocanhar 25% de participação no mercado nacional de distribuição de adubos.

“Depois da aquisição da Bunge, realmente ganhamos muito mais ‘músculos’, especialmente no Sul do Brasil. Mas também vimos muito espaço para otimização”, disse Hanzen. Além do investimento em Rio Grande, a Yara já tem programados US$ 1 bilhão (cerca de R$ 3,5 bilhões) para dois projetos greenfield de produção de rocha fosfática em Minas Gerais e no Ceará, por meio da controlada Galvani. E planeja um aporte de pelo menos R$ 41,4 milhões em uma planta de fertilizantes foliares e micronutrientes em Sumaré (SP). Assim, o valor total projetado se aproxima de R$ 5 bilhões.

A ampliação da infraestrutura da Yara no Rio Grande do Sul já vinha sendo discutida há alguns meses, mas dificuldades na comercialização entre os Estados, em função de entraves ligados ao ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços), adiaram a decisão. “Se o produto é trazido da Rússia ou do Marrocos e entra por meio de qualquer porto até Mato Grosso, não paga imposto. Se trazemos o mesmo produto a Rio Grande, processamos e então mandamos a Mato Grosso, temos que pagar”, explicou Hanzen.

Segundo ele, um decreto já garantia redução de 75% no imposto, mas a empresa negociou com o governo gaúcho a manutenção desse benefício por mais oito anos. Hanzen defendeu que a decisão do governo não caracteriza um incentivo tributário, uma vez que o benefício está disponível às demais empresas. “Nós ainda temos um custo extra na comparação com Paranaguá [PR] ou Santos [SP]. Mas nossa competitividade pode arcar com isso”.

Fonte: Valor

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