INDÚSTRIA INVESTE EM ENERGIA ALTERNATIVA DEVIDO A CRISE

Gonçalves Junior, diretor da Sunlution, especializada em micro e mini geração distribuída a partir de fontes solar e eólica, prevê receita de R$ 40 milhões este ano.

A campanha de redução do consumo de energia lançada este mês pelo governo, o risco de escassez de oferta no sistema elétrico nacional e o aumento expressivo das tarifas de energia devem elevar o volume de negócios de produtos e serviços de eficiência energética e geração distribuída este ano. A Associação Brasileira de Empresas de Serviços de Conservação de Energia (Abesco) prevê um crescimento de 100% do faturamento das companhias do setor em 2015, em relação ao ano passado, cuja estimativa é que tenha ficado em R$ 1 bilhão. A entidade também projeta um aumento de 50% dos negócios dos fabricantes de equipamentos eficientes, no mesmo período.

A diferença de projeção entre os dois segmentos se explica pela defasagem de tempo entre a contratação da empresa para a realização do diagnóstico energético e a aquisição dos equipamentos. O diagnóstico energético e o desenvolvimento do projeto de eficiência são feitos pelas “escos”, como são chamadas as empresas de serviço de conservação de energia.

Segundo o presidente da Abesco, Rodrigo Aguiar, ainda não é possível estimar qual o potencial de economia de energia, a partir do programa de racionalização do consumo em desenvolvimento pelo governo. Ele, porém, estima que há um potencial de 50 terawatts-hora (TWh) por ano – o equivalente a 10% do consumo total do país – em um prazo de três a cinco anos. A antecipação desse número dependerá da urgência na implantação das ações, nos estímulos a consumidores que adotarem medidas e da quantidade de chuvas que ocorrer ao longo deste ano.

Segundo Aguiar, as indústrias estão tirando da gaveta projetos de eficiência energética que antes não eram viáveis economicamente. A entidade também assinou neste mês um convênio com a Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit) e o Sindicato das Indústrias de Fiação e Tecelagem (Sinditêxtil) para promover projetos de eficiência energética entre as empresas do setor. A parceria prevê contratos de serviços e condições especiais para a avaliação e execução dos potenciais de economia de energia e água nos processos industriais e acesso às linhas de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Na área de geração distribuída, a expectativa de aumento de volume de negócios é semelhante. A Sunlution, especializada na instalação de micro e mini geração distribuída a partir de fonte solar e eólica, criada há pouco mais de um ano, prevê faturar R$ 40 milhões, com fornecimento de 5 megawatts (MW) de soluções de energia solar este ano.

No início do ano, a Sunlution firmou parceria com a multinacional Hanergy America Solar Solutions para a utilização de tecnologia solar de filme fino nos projetos fornecidos no Brasil. Segundo a Sunlution, a tecnologia de filmes finos consegue obter 100 Watts por metro quadrado, 40% a mais do que as tecnologias convencionais.

Entre os projetos em desenvolvimento pela Sunlution no Brasil estão mochila e guarda-sol com placas fotovoltaicas flexíveis.
“Ainda não conseguimos identificar todo o potencial desse mercado. Mas acreditamos que ele seja grande”, afirmou Orestes Gonçalves Junior, economista com experiência no setor elétrico e sócio-diretor da companhia.

A microgeração distribuída responde por 1,03% da matriz elétrica nacional, de acordo com o Departamento Nacional de Aquecimento Solar (Dasol) da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava). A entidade encaminhou, em fevereiro, ofícios à presidente Dilma Rousseff e à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) com propostas para estimular o uso de sistemas de aquecimento solar.

Segundo o presidente do Dasol, Luís Augusto Mazzon, a utilização de aquecedores solares de água, no lugar do chuveiro elétrico, para uma instalação residencial, gera economias mensais superiores a 30% em média na conta de luz.


Fonte -Fonte: Valor Econômico

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