INDÚSTRIA DE LÂMPADA AVANÇA EM SISTEMA DE COLETA

Apesar da dificuldade de estabelecer uma proposta comum para a implementação da logística reversa, como estabelece a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), pelo menos um grupo de trabalho, o das lâmpadas, está mais adiantado em uma proposta de acordo setorial. A cadeia de fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes desses produtos programa a criação de uma instituição gerenciadora que seria responsável desde o recebimento das lâmpadas após o fim da vida útil até o envio para reaproveitamento dos materiais descontaminados.

A iniciativa da Associação Brasileira da Indústria de Iluminação (Abilux) defende que essa gestora, independente e sem fins lucrativos, seria responsável pelo processo de conexão com 8 mil pontos de coleta e transbordo pelo país e com os transportadores e empresas recicladoras contratadas. A matéria-prima reciclada extraída das lâmpadas (plásticos, metais, vidros) seria negociada com indústrias de diferentes segmentos, como de cerâmica e alumínio. A central gerenciadora cuidaria também da comunicação e dos relatórios com informações a serem entregues ao poder público, conforme a lei.

Custo de sistema ainda precisa ser avaliado; segundo diretor da Abilux, a logística reversa pode custar tanto ou mais do que as lâmpadas:

Estima-se que no país sejam consumidas por ano 200 milhões de lâmpadas contendo mercúrio, parte importada pela GE, Philips, Osram e Silvania. O produto é também vendido no mercado interno por importadoras de menor porte. Atualmente, quase a totalidade das lâmpadas fora de uso é descartada em aterros sem tratamento prévio, contaminando solo e água com metais pesados. Apenas 8% dos municípios brasileiros possuem áreas com licença para depósito de lixo tóxico, incluindo lâmpadas, segundo dados da empresa Tramppo, de São Paulo, que desenvolveu tecnologia para o reaproveitamento do resíduo.

Custo do processo:

Não há previsão sobre o investimento para a instalação do sistema, mantido com recursos dos fabricantes inicialmente em cidades com mais de um milhão de habitantes. Mas, como diz Isac Roizenblatt, diretor técnico da Abilux, “a logística reversa pode custar tanto ou mais do que o próprio produto, diferentemente de outros setores que também estão avaliando esse processo (embalagens, produtos eletroeletrônicos, medicamentos, e embalagens de óleos lubrificantes)”. Segundo Roizenblatt, diante desse custo e considerando a fragilidade das lâmpadas, “é importante que haja sustentabilidade econômica e ecológica do processo”.

Atualmente, apenas uma dezena de empresas oferece serviço de reciclagem de lâmpadas, a maior parte em São Paulo. O processo, segundo Elaine Menegon, uma das sócias da Tramppo, implica na descontaminação das lâmpadas, retirada do mercúrio e aproveitamento das ponteiras metálicas por empresas de fundição e do vidro que é enviado para a produção de pisos vitrificados pela indústria de cerâmica. O mercúrio também é reaproveitado na Tramppo, que envia para um instituto de pesquisa.

Nascida de uma incubadora na Universidade de São Paulo, a Tramppo tem cerca de 500 clientes, a maioria grandes empresas, como Ford, Scania, Casas Bahia e a própria USP, que encaminham as lâmpadas voluntariamente. “Considerando todos os consumidores, calculamos que apenas 5% das lâmpadas são descartadas de forma correta”, afirma Elaine.

Com a PNRS, isso terá que mudar. “Existem setores mais complexos, porque abrange vários produtores diferentes, que estão com mais dificuldade para estabelecer uma proposta comum”, afirma Nabil Bonduki, secretário de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério de Meio Ambiente. Ele se refere ao de eletroeletrônicos e embalagens de modo geral. “Mas a expectativa é que todos os acordos setoriais estejam assinados até dezembro”, diz. Ele lembra também que, segundo a lei, até 2014, todos os municípios deverão se estruturar para reciclar os resíduos sólidos e destinar aos aterros sanitários somente os orgânicos.


Fonte -Fonte: Brasil Econômico / Martha San Juan França

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