EMPRESA DO GRUPO QUE CONTROLA A CEG USA SERVIÇO DE TELEMARKETING PARA OFERECER “SEGURO-GÁS”

Um mês após a explosão num dos apartamentos do Edifício Canoas, em São Conrado, que matou o alemão Markus Muller, uma empresa do grupo Gas Natural Fenosa, que controla a CEG, busca captar consumidores preocupados com o risco de vazamentos. A firma tem usado um serviço de telemarketing para vender aos clientes planos de assistência técnica. Como nos seguros residenciais, os usuários pagam uma mensalidade e têm direito a visitas de técnicos em casos de emergência. Uma vez ao ano, é também feita uma inspeção de rotina. No plano “Assistência Gás Complet”, por exemplo, o cliente pode acionar a empresa duas vezes para realizar serviços de emergência, e uma vez para revisão preventiva. O contrato é de um ano, com carência de 30 dias, e o valor é de R$ 207, divididos em 12 parcelas de R$ 17,25.

EMPRESAS PEDIRAM CREDENCIAMENTO
De acordo com o Inmetro, duas empresas já entraram com pedidos para o credenciamento. Outras seis consultaram o órgão, mas ainda não iniciaram o processo, que demora de quatro a seis meses. Segundo o Sindicato das Indústrias de Instalações Elétricas, Gás, Hidráulicas e Sanitárias do Estado do Rio (Sindistal), há cinco empresas credenciadas pelo Inmetro que podem trabalhar para a CEG, fazendo manutenção de redes de gás. No entanto, nem mesmo essas podem fazer a vistoria exigida pela lei, pois não têm o aval do Inmetro.

Eu não tenho conhecimento sobre esses planos da Gas Natural Serviços. Se ela está oferecendo a vistoria, o processo é irregular. Como existe a obrigação de atender quatro milhões de clientes nos próximos cinco anos, parece que há uma correria no mercado. O certo é que empresas cumpram as exigências do Inmetro e fiquem aptas a fazer o laudo, como manda a lei — diz Fernando Cancella, presidente do Sindistal.

Advogado especialista em direito ao consumidor, José Alfredo Lion afirma que o procedimento da Gas Natural Serviços é abusivo, pois a empresa que oferece o serviço faz parte do mesmo grupo da CEG, que fornece o gás canalizado:

— A empresa coirmã da CEG tem tudo na mão. Basta entrar em contato com os clientes e oferecer o serviço. É um monopólio de mercado. O atual momento beneficia a empresa, pois as pessoas estão preocupadas com os sistemas de gás canalizados em residências e prédios — diz José Alfredo. — O pior é que não há como fugir da empresa. Se eu quiser comprar gás encanado de outra empresa, de quem eu vou comprar?
A CEG argumentou que a Gas Natural Serviços é uma empresa independente e que o serviço de assistência técnica e revisão preventiva existe desde 2011. A companhia, porém, não informou de onde são os técnicos que realizam o serviço previsto no plano anual, também oferecido no site da Gas Natural Fenosa.

APARTAMENTOS AINDA DESOCUPADOS
Há um mês, no dia 18 de maio, moradores do Edifício Canoas, em São Conrado, acordaram assustados depois de ouvirem um estouro, seguido de tremor, por volta das 5h30m. Uma forte explosão ocorreu em um apartamento do décimo andar, espalhando destroços por todo o condomínio e até na rua. Após o incidente, o prédio ficou bastante danificado. Com o impacto, pedaços de concreto, janelas e madeira caíram. Na piscina do prédio tinha até uma lava-louça.

Segundo o síndico do prédio, Jorge Oliveira, os moradores ainda não têm data para voltar a seus apartamentos. Na terça-feira, foram encerradas as inspeções das 72 unidades do condomínio pela seguradora, a fim de constatar possíveis danos.

Quatro pessoas ficaram feridas, entre elas o alemão Markus Muller, de 51 anos, morador do apartamento onde aconteceu a explosão. Ele teve 50% do corpo queimados. Markus permaneceu internado no Centro de Tratamento de Queimados do Hospital Municipal Pedro II, em Santa Cruz, e morreu dez dias depois da explosão.

Peritos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) concluíram que a explosão no apartamento 1.001 foi acidental. Segundo o laudo inicial, o acidente foi provocado pela má instalação do rabicho de gás — cano de metal que liga a rede de gás do prédio ao aquecedor.


Fonte -Fonte: O Globo

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