STARTUPS VOLTADAS PARA O MEIO AMBIENTE SE DESTACAM COMO EXEMPLOS DE NEGÓCIOS SOCIAIS

Negócios inclusivos e de impacto social ganham cada vez mais espaço no mercado e na cidade do Rio de Janeiro. Voltadas para produção de bens e serviços com demanda no mercado, valorizando a conexão entre o desenvolvimento econômico e social, essas empresas ganham força em uma sociedade com lacunas nas áreas de sustentabilidade, energia, saúde, educação e meio ambiente.

A startup Insolar, fundada em 2014 pelo administrador de empresas Henrique Drumont, de 32 anos, concilia a visão de negócios do mundo corporativo com um viés humano e social. Através de uma parceria com a Light, ela aposta no processo de fotovoltagem, que capta o calor do sol através de painéis para ser transformado em eletricidade, para gerar economia financeira e reduzir o consumo de energia elétrica. O projeto piloto está prestes a ser implantado na Creche Mundo Infantil, localizada no morro Dona Marta, em Botafogo, Zona Sul do Rio.

— A ideia é simples: você doa a energia durante o dia para a Light, usando a energia solar, e de noite você usa a energia distribuída por ela. No final do mês, a creche ganhará um crédito sobre o valor da conta, pagando menos do que pagaria — explica Henrique.

Depois do projeto piloto implementado, a Insolar pretende estendê-lo dentro da comunidade. A ideia de Henrique é realizar uma consulta entre os moradores para saber quais lugares – entre creches, associações, cooperativas – eles gostariam que recebesse o projeto. A implementação em residências também está nos planos da startup, mas, nesse caso, pretende cobrar um percentual sobre o que o consumidor vai economizar na conta de luz.

Na avaliação de Henrique, os negócios sociais se destacam por serem a interseção entre o mundo dos negócios e organizações voltadas para o desenvolvimento de uma sociedade melhor. A vantagem, segundo ele, é que as empresa com impactos sociais crescem, geram receita e passam a depender cada vez menos de patrocínio.

— A sociedade civil está cobrando cada vez mais as empresas para que elas tenham uma causa, minimizem os impactos ambientais. As ONGs, por sua vez, cada vez mais têm o desafio de captar recursos. O negócio social atende aos anseios da sociedade e, ao mesmo tempo, tem sustentabilidade econômica — comenta ele.

O impacto ambiental também é a causa do Ciclo Orgânico, start up idealizada pelo estudante de Engenharia Ambiental Lucas Chiabi, de 24 anos. Encantado com a ideia de transformar “uma coisa que ninguém quer em algo com vida”, ele optou por trabalhar com compostagem depois que cursou uma matéria sobre o assunto na faculdade.

Há seis meses, após participar do programa Shell de Iniciativa Jovem, ele transformou a sua ideia em realidade, convidando os cariocas a uma ação que busca a redução de resíduos depositados em aterros sanitários e a diminuição de impacto no meio ambiente durante o processo. Os clientes da Ciclo Orgânico pagam até R$ 60 mensais e recebem um baldinho para depositarem o resíduo gerado ao longo da semana. Semanalmente, um funcionário usa uma bicicleta para rodar pelos bairros recolhendo o lixo.

A compostagem é feita no Parque do Martelo, no Humaitá, com quem Lucas fez uma parceria ideal: o Ciclo usa o espaço para fazer o composto e metade da produção fica como adubo para o local.

No fim do mês, os clientes recebem uma cartinha informando quanto de resíduo foi recolhido, quanto de composto foi gerado e quantas emissões de CO2 foram evitadas. As pessoas podem, então, escolher uma das três recompensas: receber um adubo, uma muda de hortaliça ou doar o composto para um produtor rural parceiro da start up.

— Meu sonho é ver uma cidade tratando seu resíduo dessa forma, transformando em adubo, usando bicicletas para isso acontecer — defende ele.

Durante seu curto tempo de funcionamento, o Ciclo Orgânico já angariou 110 clientes, todos moradores da Zona Sul do Rio. Ao todo, 3,67 toneladas de resíduos foram compostados e 3 toneladas de CO2 deixaram de ser liberadas para a atmosfera. Expandir o negócio também faz parte do projeto. Lucas pretende fazer parcerias para abrir outros pontos de compostagem, um na Tijuca e outro em Botafogo.

— O que é legal é ver a satisfação das pessoas em não estar mais contribuindo com os lixões. Vejo o Ciclo como uma ferramenta muito poderosa para transformar o hábito das pessoas e, assim, contagiar outras. É assim que conseguimos mudar as coisas — analisa ele.

Henrique e Lucas são dois empreendedores que conseguiram tirar suas ideias do papel estabelecendo parcerias. Em um tempo de grandes desafios na construção de uma nova realidade, startups como essas são exemplos de que é possível transformar. Embora novas no mercado, a Insolar e o Ciclo Orgânico já ganharam a visibilidade merecida.

Fonte: Extra

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