PROJETOS AMBIENTAIS ACELERAM DEMANDA POR EQUIPAMENTO. O conceito verde estimula a construção civil.

A cidade de Juiz de Fora (MG) recebe energia proveniente de fonte limpa com redução significativa do uso de água e de emissões de gases graças à primeira turbina para geração de energia elétrica movida a etanol de cana-de-açúcar produzida no país.

No Rio de Janeiro, a Companhia Estadual de Água e Esgoto (Cedae) inaugurou uma elevatória de esgotos na Barra da Tijuca, automatizada por componentes, que consome de 30% a 40% menos energia. Projetos ambientais como esses estão aquecendo os negócios de equipamentos para serviços e produtos com menor impacto no meio ambiente.

A General Eletric (GE), que desenvolveu com exclusividade para o mercado brasileiro, em parceria com a Petrobras, a turbina utilizada na Usina Termelétrica de Juiz de Fora, investirá US$ 10 bilhões em pesquisa e desenvolvimento de produtos verdes até 2015. Os planos mundiais da companhia incluem ainda a expansão do portfólio de equipamentos e soluções verdes.

O objetivo é atender à demanda do mercado por eficiência energética e promover o próprio crescimento sustentável, informa o diretor de Marketing da GE para a América Latina, Marcos Leal.

No Brasil, as pesquisas e desenvolvimento de produtos devem ganhar impulso a partir de 2012, quando está prevista a inauguração do Centro de Pesquisa Mundial da GE, no Rio de Janeiro. Os investimentos de produtos, unidades e pessoal no Brasil até 2013 estão estimados em US$ 400 milhões, dos quais metade disso será destinada ao aumento da capacidade de fábricas e desenvolvimento de produtos para os negócios de energia, óleo e gás da GE.

A maior parte do portfólio da empresa está disponível no mercado nacional, no qual a companhia realiza constantes lançamentos para atender novas demandas, como o tomógrafo para clínicas de médio porte que permite a redução do consumo de energia em 60%. O produto lançado há dois meses no Brasil oferece rapidez nos resultados e dispõe de comandos inteligentes.

A subsidiária brasileira da Danfoss, fabricante dos dispositivos usados na automação da elevatória de esgotos da Barra da Tijuca, no Rio, faturou 53% mais na área de conversores de frequência em 2010 em relação ao ano anterior e deverá elevar o crescimento para 60% este ano.

O bom desempenho econômico do setor contribui para o posicionamento da subsidiária do Brasil entre as sete mais rentáveis da companhia dinamarquesa no mundo, com faturamento de R$ 200 milhões no ano passado.

A empresa começa a atuar em novos segmentos no país com a criação da divisão de Aquecimento. O primeiro lançamento é uma válvula de balanceamento hidráulico que une várias funções em um único componente. “O equipamento permite uma economia em todas as etapas do desenvolvimento de circuitos de água quente ou gelada, desde o tempo gasto em cálculos, instalação e no desempenho no dia-a-dia”, diz Ronaldo Bartolomei, diretor de Vendas da Divisão de Power Electronics.

O conceito ambiental estimula os negócios também na construção civil. A multinacional norte-americana Johnson Controls, fornecedora de equipamentos e serviços para aquecimento, ar condicionado e refrigeração de edifícios deverá elevar o faturamento com produtos do ramo de negócios verdes em 24%.

A empresa oferece duas linhas nesse segmento: uma com concepção verde, fabricada com matérias-primas, logísticas e processos ecológicos e outra destinada à aplicação de outros produtos com impacto ambiental positivo, como ar condicionado com controle de automação.

Metade da produção da companhia no Brasil são produtos considerados verdes, informa o diretor de Sistemas da Divisão Building Efficiency, Mário Filho. Uma tendência forte no mercado, segundo ele, é adoção do conceito ambiental em construções de supermercados, shoppings e até estádios de futebol.

“Empresas estrangeiras interessadas em se instalar no país dão preferência a espaços concebidos dentro dos padrões ambientalmente sustentáveis, que são imóveis com selo verde ou economia sustentável”, afirma.

Esses edifícios, segundo ele, se tornam mais competitivos e atraentes para a locação do que os tradicionais porque a economia de água, luz e de outros serviços impactam de forma positiva nas taxas de condomínio. Outra tendência, ele aponta, é a modernização de prédios antigos, movimento mais comum em países da Europa.

O desenvolvimento de produtos para edifícios é estimulado ainda pelas certificações, como a LEED concedida pelo Green Building Council e pela legislação ambiental. Atenta às exigências legais, a empresa lançou este ano no Brasil um sistema de ar que pode ser configurado para operar em níveis mais baixos em locais onde as leis regulam a emissão de ruído.

A produção de equipamentos voltados para projetos de uso de energias renováveis também tem aquecido as vendas da indústria. Os negócios na área ambiental da Siemens no Brasil seguem a tendência de expansão da companhia em âmbito mundial.

O portfólio ambiental da empresa no mundo atingiu 28 bilhões de euros, o equivalente a 35% do faturamento global. Até 2010, as soluções da Siemens ajudaram a reduzir em 270 milhões de toneladas de CO2, economia equivalente ao consumo de Hong Kong, Londres, Nova York, Deli, Cingapura e Tóquio.

A empresa no Brasil, nos últimos seis meses, forneceu 63 turbinas de energia eólica para Tractebel Energia, maior geradora privada do país. A Siemens fornece ainda 136 turbinas para 12 parques eólicos. A tendência é de crescimento desse mercado em especial com o surgimento de novas demandas, segundo o diretor de Estratégia e Sustentabilidade da Siemens, Victor Batista.

Desenvolver tecnologia para o consumo inteligente de energia renovável, ele cita, é um dos desafios para o setor em expansão. “Os ventos têm intensidade em horários diferentes e se o consumidor souber qual é a melhor hora para utilizar essa energia irá obter maior economia”, explica.

Batista destaca ainda as boas oportunidades na geração de gás natural. Ele pondera que soluções para aproximar as usinas do consumidor podem proporcionar maior economia. O setor carece de estímulos do governo. “A renúncia de tributos no futuro na conta de luz dos consumidores de energias eólicas e solar pode ser um deles”, sugere.


Fonte -Fonte: Valor Econômico SP/ Salete Silva

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