PETROBRAS ESTUDA UNIR COMPERJ COM AS REFINARIAS REDUC E REGAP

Promessas desfeitas. O Comperj, que deveria gerar emprego na região, já consumiu US$ 15 bilhões, mas nem a primeira refinaria está pronta.

Procura-se um sócio para um complexo com capacidade de refino de cerca de 566 mil barris diários de petróleo — quase 27% da capacidade instalada do Brasil, de 2,1 milhões de barris por dia. Esta é uma das saídas em estudo pela direção da Petrobras para o futuro do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), em construção em Itaboraí. Suas obras estão paradas, pois o local foi um dos alvos do esquema de corrupção entre funcionários da estatal e fornecedores revelado pela Operação Lava-Jato, da Polícia Federal.

Sócio encarregado dos investimentos a concluir

De acordo com um executivo próximo à estatal, uma das soluções em análise é juntar o Comperj com a Refinaria Duque de Caxias (Reduc), também no Estado do Rio, e a Refinaria Gabriel Passos (Regap), em Minas Gerais, e encontrar um sócio, que poderia ter uma participação minoritária relevante no conjunto dos ativos das três refinarias.

Esse sócio ficaria encarregado de realizar os investimentos que ainda faltam para concluir pelo menos a primeira unidade de refino, orçada em cerca de US$ 2,3 bilhões. A previsão original era de duas unidades.

— O Comperj não está na lista de desinvestimentos da Petrobras. Mas está na lista de projetos que estão parados porque perdem atratividade na relação custo/benefício. Nesses casos, a Petrobras está buscando sócios que possam fazer os investimentos pela companhia — explicou um executivo que acompanha as negociações.

Fim do Polo Petroquímico

Segundo a ideia ainda em estudo, a Petrobras criaria uma holding englobando as três refinarias, que já são interligadas naturalmente por uma extensa malha de oleodutos e gasodutos. Isso tornaria as operações mais atraentes, tornando mais fácil a tarefa de encontrar um sócio para concluir o Comperj.

— Esse novo complexo poderia processar 566 mil barris de petróleo por dia, na produção de diversos tipos de derivados, como gasolina e óleo diesel — afirmou o executivo.

A Reduc e a Regap são da década de 1960, mas têm recebido investimentos para modernização nos últimos anos, para assegurar a qualidade dos combustíveis produzidos.

A Regap tem capacidade de refinar 151 mil barris por dia, e a Reduc, outros 250 mil — é uma das maiores do país. De acordo com seu projeto original, o Comperj previa duas unidades de refino, com capacidade para processar 165 mil barris diários de petróleo, cada.

Segundo uma fonte, o Comperj será apenas uma refinaria para produzir combustíveis, tendo sido totalmente abandonado o sonho de se construir um complexo petroquímico na região. Quando foi anunciado, em 2006, o Comperj seria um complexo para fornecer matérias-primas para a indústria petroquímica. As obras já consumiram cerca de US$ 15 bilhões, e nem a primeira unidade de refino foi terminada.

Atualmente, segundo a Petrobras, estão sendo realizadas as obras da Central de Utilidades (com o fornecimento de água, energia etc.) para dar suporte à futura Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN). A obra conta com cerca de 3 mil trabalhadores. Segundo a Petrobras, até junho serão feitas as licitações para a contratação das demais obras da Central de Utilidades e da UPGN, cuja previsão é ficar concluída em 2017. A UPGN fornecerá o gás natural que será usado como matéria-prima na refinaria a ser construída.

A Petrobras estimou, recentemente, que as obras da UPGN exigirão investimentos da ordem de US$ 2 bilhões, além de outros US$ 2,3 bilhões para a primeira unidade de refino.

Um sonho que não aconteceu

O Comperj foi anunciado pela Petrobras em 2006 pelo então diretor de Abastecimento, Paulo Roberto Costa, um dos principais participantes do esquema de corrupção que existia na estatal. Réu confesso, ele está em prisão domiciliar.

Por conta de todos os desvios e superfaturamento ocorridos durante as suas obras, a Petrobras, no ano passado, foi obrigada a fazer uma baixa contábil de R$ 21,8 bilhões no valor do Comperj.

O complexo seria a maior obra individual da Petrobras, que representaria um eldorado para a região de Itaboraí, com a geração de mais de 200 mil empregos durante as obras.

Fonte: GásNet

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